SONHO
(Crônica de autoria de Luis Filipe Calixto, meu amigo Filipão. Em uma conversa casual por meio de aplicativo de mensagens instantâneas, ele me contou que sonhou com a história. Filipão também é fã do Xará Veríssimo. Ao acordar, escreveu o que sonhou e me enviou. Agora eu publico aqui para a nossa diversão!)
Estava realmente feliz.
Grande emoção!
Recebera o e-mail confirmando tudo. Aos vinte e seis anos ia mesmo tornar-se jogador profissional de futebol.
Contou para Ritinha. Ele entusiasmado, ela desconfiada.
– Mas como jogador?
– Jogador, ué.
– Mas onde?
– No meu clube do coração. Um sonho de infância.
– Você vai ser jogador do Atlético?! – engasgou-se com o café.
– Sim, olha que maravilha! O único problema vai ser ficar tão longe de você.
– Longe como, João Diogo? Eu moro em Sabará desde que nasci e não pretendo me mudar tão cedo.
– Pois então, é por isso mesmo. Rio Branco fica bem longe.
– Que conversa é essa de Rio Branco?
– Rio Branco, no Acre.
– Em nome de N.S.ª do Perpétuo Socorro, o que você vai fazer no Acre?
– Lá é o estádio do time, oras.
– Meu Deus do céu, João Diogo, desde quando o Atlético joga no Acre?
– Meu sonho de menino sempre foi jogar no Atlético, né, chuchu? Mandei e-mail e recebi resposta do Clube Atlético Acreano. Deve ser como o daqui, só que de lá.
– E você vai para o Atlético Acreano? Em Rio Branco? Jogar futebol?
– É um Atlético, ué, só que de lá. E também…
(Click. Tum, tum, tum…)
Ela desligou antes que ele terminasse a frase. A pausa para o café já estava no fim e tinha afazeres demais para perder tempo com aquelas anedotas. João Diogo era um piadista contumaz.
Assistente devia ser o sujeito que dá os passes para os atacantes fazerem os gols, pensou inocentemente. Seria perfeito para ele. Ademais, morar no Acre poderia revelar-se uma experiência das mais divertidas.
“Atlético é Atlético, ora bolas!”
Não importava qual fosse a sucursal.
Ritinha se apegava demais a detalhes.